A Eletrobras aposta na digitalização de suas hidrelétricas para reduzir custos e aumentar a eficiência operacional, com o uso de uma metodologia, conhecida no segmento como Building Information Modeling (BIM). A ferramenta permite simulação de cenários, acesso a análises de projetos, e dados de ativos e visualização das instalações das usinas em 3D, acelerando a detecção de problemas e aperfeiçoando processos de manutenção preventiva.
A metodologia BIM utiliza várias ferramentas e tecnologias para criação e gerenciamento de informações e dados, que permitem representar ativos de forma digital em todo o ciclo de vida do projeto. A Empresa enfrentou desafio na implantação porque a metodologia BIM, até então, não era usada por hidrelétricas, afirmou o responsável pelo projeto na Chesf, Josemir Melo Martins.
A aplicação é parte do plano de investimentos da companhia em reforços e melhorias que aumentem a confiabilidade de ativos de geração e transmissão, para que resulte em avanços nos indicadores operacionais.
Entre os benefícios estão a redução de despesas com deslocamento de funcionários às usinas, melhoria na comunicação entre os integrantes das equipes e redução do fluxo de papéis: todos os dados da usina ficam disponíveis em nuvem e acessados mediante identificação dos colaboradores.
A modernização das usinas da Eletrobras com o uso do BIM terá início pelas hidrelétricas de Sobradinho e Paulo Afonso IV. Na sequência, a metodologia será aplicada na usina de Luiz Gonzaga. As três unidades localizam-se na Bahia e são geridas pela Chesf.
A previsão é que a expansão para todas as 39 hidrelétricas da Eletrobrás seja realizada a partir de 2025.O processo de modernização em cada usina, afirmou Martins, dura cerca de seis anos. O investimento em BIM varia de usina para usina, uma vez que cada hidrelétrica possui 40 sistemas diferentes, a decisão de investimento depende de quais sistemas serão digitalizados. Segundo o especialista, uma usina de grande porte pode demandar entre R$ 100 milhões e R$ 1,5 bilhão, de acordo com o escopo do projeto.
“No caso de Paulo Afonso IV,a previsão total de investimento fica entre R$ 400 milhões e R$ 450 milhões, com ajustes ao longo dos anos”, afirmou.
Os softwares usados na digitalização são AutoDesk e recentemente, a fabricante alemã de turbinas Voith se juntou ao projeto de modernização.
“A usina fica completamente escaneada, digitalizada em 3d Gerou Referenciada, com coordenadas GPS de cada ponto”,disse Martins. Com isso, por exemplo, é possível que funcionários do Rio de Janeiro possam “caminhar” dentro da usina de Paulo Afonso IV e realizar de forma remota tarefas que exigiram a presença física nas instalações.
“Nosso operador poderá baixar todas as informações do ativo com acesso via tablet a um QR Code.” Martins conta ainda que a Eletrobras vem sendo consultada por outras empresas do setor em busca de troca de experiências, como Itaipu, Cemig e o grupo uruguaio Salto Grande.
Disse também que a plataforma oferece segurança para a informação. Entre outras medidas, equipes de cibersegurança da Eletrobras introduziram elementos de segurança que dificultam a invasão e roubo de dados, ressaltou Martins.
Fonte: Jornal Valor Econômico
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