Exportação Brasileira vai na contramão da América Latina

O Brasil faz parte do grupo minoritário de países América Latinaedo Caribe cujas exportações cresceram no ano passado, de acordo com relatório publicado ontem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com dados de 24 países da região.

 

Citando números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o BID destaca que as vendas brasileiras para o exterior cresceram 1,7% no ano passado. Além do Brasil, apenas as exportações do Paraguai (19,1%), do México (2,9%), da Costa Rica (16,4%), da Nicarágua (0,8%), do Panamá (4%) e da Jamaica (28,9%) também tiveram alta na comparação com 2022. 

 

Segundo o BID,o crescimento das vendas brasileiras “pode ser explicado por mais embarques para a China e, em menor grau, Argentina e México, compensando as quedas nas exportações para a União Europeia e o resto do mundo”.

 

“Em termos de produtos, os maiores aumentos foram em soja, milho e açúcar, em função de maiores volumes embarcados em meio à queda dos preços”, afirma relatório publicado pelo BID. “Boas safras no Brasil compensaram produções menores, causadas por condições climáticas adversas, em competidores importantes [do país], como Argentina (soja) e Tailândia e Índia (açúcar).” 

 

A quantidade exportada brasileira, sem levar em consideração os preços, foi tamanha que a alta de 1,8% do volume exportado por América Latina e Caribe no ano passado “pode ser explicada principalmente pelos volumes embarcados por Brasil e México”, de acordo com a instituição. 

 

Sobre a Argentina,o BID destaca que as vendas para o exterior recuaram 25,3%no ano passado.

 

 “Tanto os preços quanto às quantidades exportadas caíram em meio a uma seca severa”, diz, destacando que a queda pode ser explicada principalmente pelas menores vendas de cereais, soja e seus derivados e afeta “exportações para todos os destinos”. 

 

De maneira geral, “as exportações da América Latina e do Caribe entraram em uma fase contracionista em 2023, após dois anos de expansão”, afirma. No ano passado, as vendas da região para outras partes do mundo caíram 2,2%. 

 

“A reversão nos preços das commodities e a desaceleração no crescimento dos volumes exportados foram responsáveis pela queda no valor das vendas”, diz a instituição. 

 

Além disso, embora o recuo das exportações de América Latina e Caribe tenha “desacelerado no último trimestre” do ano passado, “as perspectivas continuam enviesadas para baixo”, segundo o BID. Isso porque a manutenção de políticas monetárias contracionistas, a guerra na Ucrânia, a “emergência de novos conflitos armados no Oriente Médio”e“um cenário de aumento da fragmentação geoeconômica” estão “restringindo o crescimento econômico” global e “consequentemente diminuindo oportunidades” para as exportações da região. 

 

“Simultaneamente, o aumento da frequência de eventos climáticos extremos pode tornar os preços mais voláteis, aumentando a incerteza a respeito da evolução da conjuntura comercial global”, diz o relatório.

 

Fonte: Jornal Valor Econômico

Foto: Reprodução

 

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