Mais uma montadora anunciou um novo plano de investimentos no Brasil .O presidente mundial da coreana Hyundai, Eui-sun Chung, revelou ao governo neste quinta-feira (22) um programa de US$ 1,1 bilhão até 2032. Com isso, sobe para R$ 46,85 bilhões os programas de investimentos anunciados pelo setor desde 2021 para serem aplicados majoritariamente nesta década.
Várias montadoras anunciaram novos planos nos últimos meses, a maioria entre o fim do ano passado e início de 2024. E novos estão por vir. Mas poucos esperavam que a discreta Hyundai também desse esse passo, com recursos que, segundo cotação de ontem, equivalem a R$ 5,45 bilhões. A Hyundai não se pronunciou. Mas confirmou nota divulgada pelo governo.
Segundo comunicado do Palácio do Planalto, a montadora teria se comprometido a investir em novas tecnologias, particularmente em carros híbridos, elétricos e movidos a hidrogênio verde, o que estaria, segundo o texto, “em convergência como Mobilidade Verde Mover”. O Mover é um programa de incentivos fiscais do governo federal que estabelece novas regras de emissões e oferece à indústria automotiva redução de impostos em troca de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Para anunciar a novidade, Chung foi a Brasília, onde reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Alckmin apresentou aos executivos da montadora detalhes sobre as políticas industrial e energética brasileiras e a prioridade conferida à reindustrialização e à descarbonização. Chung destacou, segundo relato do governo, os investimentos que a montadora já fez no país, num total de US$ 2,5 bilhões, com a criação de mais de 6,5 mil empregos diretos.
O executivo ressaltou, ainda, que o Brasil recebeu a primeira fábrica da empresa no Hemisfério Sul, em Piracicaba (SP). Inaugurada em 2012, a unidade produz dois modelos de automóveis compactos — o hatch HB20 e o utilitário esportivo Creta. Lula, por sua vez,teria destacado a aprovação da reforma tributária, a melhora do ambiente de investimentos no Brasil e o papel da indústria automobilística na política de reindustrialização.
Durante o encontro, segundo a Secretaria de Comunicação Social, Lula também teria comentado sobre as perspectivas da transição energética, uma prioridade inclusive para o setor de petróleo e gás no Brasil. Levantamento feito pelo Valor e divulgado no dia 2 de fevereiro mostrou que cerca da metade do total de investimentos do setor, que, agora, com o plano da Hyundai somará R$ 46,85 bilhões, foi anunciada nos últimos três meses.
Os novos recursos, que o setor planeja, em grande parte, esgotar até o fim da década, se somam a outros R$ 40,1 bilhões de um período também recente e que, em grande parte, fazem parte de programas ainda em curso. Adicionados a ciclos menos recentes das montadoras de caminhões e ônibus o total passa de R$ 95 bilhões em toda a indústria de veículos para o período entre 2017 e 2032.
Entre os anúncios mais recentes, destaca-se o da Volkswagen, que no início do mês revelou o plano de investir mais R$9 bilhões no período entre 20024 e 2028. Os recursos se somam aos R$ 7 bilhões definidos para o período de 2022 a 2026, o que totaliza R$ 16 bilhões em uma década.
Outras montadoras — General Motors, Nissan e Renault, além do grupo brasileiro CAOA — também fizeram anúncio recentes, que se somam aos programas que as chinesas BYD e Great Wall Motor preparam para entrar no país. As características dos programas anunciados recentemente indicam que a indústria de veículos no Brasil vai demorar mais para entrar na era dos carros 100% elétricos, hoje importados. Mas, por outro lado, dará um passo significativo na direção da eletrificação por meio dos modelos híbridos.
A maior parte dos novos recursos da Volks será aplicada numa nova plataforma de veículos especialmente desenvolvida para modelos híbridos que poderão ser abastecidos com etanol. Aguarda-se, para os próximos dias, mais um anúncio de grande porte, do grupo Stellantis, que, no Brasil, reune as marcas Fiat, Chrysler, Peugeot e Citröen. Há um ambiente propício para que os biocombustíveis se tornem a opção mais usada pelo Brasil no mapa global da descarbonização do transporte.
O país já tem longo conhecimento e experiência no uso do etanol de cana e, paralelamente, o etanol de milho ganha impulso à medida que os produtores aproveitam as oportunidades de aumentar o cultivo do grão. Além disso, no caso dos veículos pesados, a indústria local tem avançado no desenvolvimento de veículos movidos a biogás.
Fonte: Jornal Valor Econômico
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