Lucro da Vale cai à metade, para R$ 39,9 bi

Em meio ao debate sobre o futuro de seu comando, a Vale viu seu lucro líquido cair à metade em 2023, para R$ 39,940 bilhões. Os dados foram divulgados horas após a empresa anunciar que teve licenças ambientais de minas de cobre e níquel suspensas no Pará. 


Segundo a Vale, o lucro líquido do ano passado tombou 53,6% ante os R$ 86,106 bilhões de 2022 por causa “dos menores preços médios realizados e o impacto de perdas cambiais”, diz documento divulgado ao mercado. 


A Vale anunciou que pagará R$ 11,7 bilhões em dividendos, a parcela do lucro distribuída aos acionistas. O valor se soma a parciais já pagas. O total de distribuições do lucro de 2023 chega a R$ 30 bilhões. 


No quarto trimestre, houve impacto negativo do aumento da provisão para perdas — valor separado caso a empresa tenha que ter gasto no futuro —com a Samarco, companhia da qual a Vale era sócia com a BHP Billiton, dona de uma barragem que se rompeu em 2015 em Mariana (MG). 


O complemento da provisão foi de R$ 5,841 bilhões. A reunião do Conselho da Vale que aprovou o balanço ocorreu uma semana após encontro extraordinário para tratar da sucessão do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, terminar sem uma definição. Conforme a ata da reunião de ontem, a sucessão não voltou a ser deliberada. 


O mandato atual de Bartolomeo terminará em maio, e os membros do Conselho da mineradora estão divididos entre renovar o contrato do executivo ou iniciar processo seletivo —o atual CEO poderia participar, mas concorreria com outros nomes. A votação da semana passada deu empate. Em 2020, a mineradora se tornou companhia sem controle definido, com capital pulverizado. 


Em janeiro, o governo elevou a pressão sobre a Vale. Desde 2023, informações de bastidor davam conta de que o Planalto queria fazer do ex-ministro Guido Mantega presidente da empresa — embora, após a reestruturação de 2020 e a venda da participação acionária do BNDES, a influência direta do governo na gestão tenha diminuído. 


Nos bastidores, o governo informou que desistiu do plano. Embora a falta de habilidade política seja citada como ponto fraco da gestão de Bartolomeo por observadores da Vale, há críticas ainda aos resultados operacionais. Em que pese o reconhecimento de que a gestão do atual CEO melhorou a segurança, após a tragédia que matou 270 pessoas em Brumadinho (MG), cinco anos atrás, a mineradora ficou aquém de metas de produção nos últimos anos. 


Os custos subiram. Nos últimos meses, analistas deram voto de confiança à diretoria da Vale, após a divulgação de metas de crescimento para 2026. Em 2023, a companhia produziu 321 milhões de toneladas de minério de ferro, 4,3% acima do registrado em 2022, que não se reverteu em alta de lucro com os preços em baixa. 


ACORDO COM A ANGLO 


A Vale fechou acordo com a mineradora Anglo American, para adquirir 15% no Complexo Minas-Rio, idealizado por Eike Batista, com capacidade de produzir 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. A Vale pagará US$ 157,5 milhões e incluirá reservas de uma mina sua, vizinha à unidade da Anglo. 


Fonte: O Globo

Foto: Reprodução 


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