Brasil supera concorrência e Porto vai embarcar 66% a mais de milho

A restrição imposta à navegação no Canal do Panamá está ajudando o Brasil. Vítima de uma seca histórica causada pelo fenômeno El Niño, o atalho que interliga os oceanos Atlântico e Pacífico se viu obrigado a limitar o tráfego de navios, deixando os portos da costa leste dos Estados Unidos sem uma conexão economicamente viável com a Ásia. Sem a rota estratégica através do Mar do Caribe, os Estados Unidos estão deixando de embarcar milho e soja para China, Japão e Coreia do Sul, e abrindo espaço para os grãos brasileiros. Pior, com os recentes ataques a navios cargueiros no Mar Vermelho, os exportadores norte-americanos perderam até a rota alternativa para atingir a Ásia. Assim, em janeiro os portos brasileiros devem registrar uma alta de até 66% nos embarques de milho. Nas projeções iniciais do mercado, eram previstas três milhões de toneladas. Na prática, serão exportadas cerca de cinco milhões de toneladas do grão brasileiro só neste mês. 

 

A Seca restringe a navegação por rota estratégica para os EUA, que perdem espaço na Ásia, especialmente para o Brasil, com navios com escala a utilizarem o Canal do Panamá devido à proximidade do País com as rotas de navegação pelo sul da África. E daí para a Ásia. 

 

Enquanto isso, os navios carregados na costa leste norte-americana precisam contornar toda a América do Sul para, depois, cruzar todo o Pacífico para chegar à China, ao Japão e à Coreia. E isso aumenta o custo do frete, reduzindo a competitividade dos grãos colhidos em estados como Oklahoma, Tennessee, Arkansas, Mississipi, Missouri, Iowa, Georgia, Louisiana e Alabama, que tinham a opção de saída, também pelos portos do Golfo do México. 

 

A rota pelo Canal do Panamá é responsável por aproximadamente 10% do comércio global, mas atende importantes fornecedores globais de alimentos. Com o baixo volume de água e as restrições, os navios estão ficando até três semanas parados para conseguir atravessar o atalho. 

 

A alternativa para os navios que partem da costa leste norte-americana e do Golfo do México seria a navegação pelo Mediterrâneo, mas dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que o Brasil já embarcou 3,7 milhões de toneladas de milho nos primeiros 22 dias do mês. Esse aumento nas vendas externas se deve ao fato de que o comprador de grãos calcula o valor final, que é a soma do preço do grão na origem com o frete até o porto de destino. Nesta semana, 31 navios operaram simultaneamente no Porto de Santos, na média, de segunda a quarta-feira. Destes, três embarcavam milho e um operava com soja. Isso significa que 13% dos berços de atracação com navios no costado estavam carregando grãos. 

 

 

Fonte: Diário do Litoral

Foto: Reprodução 




Posso ajudar?