A água que abastece mais da metade da população da cidade de São Paulo é a mesma que, desde o início do ano, gera energia elétrica para reforçar o sistema nacional de distribuição. Mais que isso, por uma fonte limpa e renovável. A novidade tem nome: Central Geral Hidrelétrica (CGH) e entrou em funcionamento na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guaraú, que compõe o Sistema Cantareira, um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo, responsável por levar água tratada a 8,5 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo.
A CGH é a primeira do País a operar em uma estação de tratamento de água, abrindo novas possibilidades de geração de energia limpa. A novidade é uma parceria entre Sabesp, Servtec e Tecniplan em uma sociedade de propósito específico (SPE). A hidrelétrica, de pequeno porte, se vale de um desnível topográfico de 22 metros e tira proveito da velocidade de escoamento das águas brutas, que passam pela área da ETA Guaraú, no Reservatório de Águas Claras, no Rio Juqueri-Mirim.
MÚLTIPLOS USOS
Marcos Nascimento, sócio diretor Tecniplan Engenharia, diz que a CGH gera 4,3 megawatts de energia elétrica, suficiente para abastecer, por exemplo, uma cidade com até 14 mil residências.A central é instalada na chegada de água bruta da ETA, e a água quente passava pelas válvulas dissipadoras de energia,agora segue para turbinas que passam transformar essa energia eletricidade.
Nascimento pondera que a ETA Guaraú é a maior do Sistema Cantareira e que a experiência positiva serve para evidenciar que outras centrais hidrelétricas semelhantes podem ser implantadas em sistemas menores.
“A prioridade, claro, é a água para a população, mas esse projeto mostra que é possível termos uso compartilhado e eficiente, ampliado a eficiência dos sistemas.” Além disso, considera, “abre um leque de novas opções, inclusive de geração de energia elétrica nas estações de tratamento de esgoto e na própria rede de tubulações Sabesp”. Pelo Modelo Jurídico Adotado, a Sabesp é sócia no empreendimento, com 25% de participação.
A energia elétrica gerada é vendida pro mercado livre, de matriz sustentável.
SUSTENTABILIDADE
Marcos Nascimento criou a Tecniplan Engenharia há 38 anos, mas há 24 vem focando sua atuação no setor energético, com projetos de captação fotovoltaica (placas que captam a energia do sol e transformam elétrica) e eólica. Ele acredita que, em médio prazo, o caminho para o Brasil zerar a emissão de carbono passe pelos projetos de hidrogênio verde.
“Temos, sim, uma grande oportunidade de sair na frente em termos de energia limpa, mas é preciso ter foco, projetos bem estruturados e de longo prazo, que façamos investidores de fora acreditar que vale a pena investir aqui.”
Fonte: A Tribuna Jornal
Foto: Reprodução