EDP coloca hidrelétricas do Amapá à venda 

Energia retomou o processo de venda das hidrelétricas de Santo Antônio do Jari (392,95 megawatts-MW) e Cachoeira Caldeirão (219MW), no Amapá, apurou o Jornal Valor Econômico. 


O Bradesco BBI foi contratado como assessor financeiro na transação, segundo fontes. A retomada da venda das usinas chega em um momento de expectativas positivas para a indústria de M&As (fusões e aquisições, na sigla em inglês) no Brasil, depois de dois anos mais fracos. 


Em outubro de 2021, João da Marques da Cruz, presidente da EDP, tinha confirmado que negociaria três hidrelétricas, mas só concluiu a venda, por R$ 1,2 bilhão, da usina Mascarenhas (198 MW) para o fundo de investimento renovável Victory Hill. Uma segunda rodada negociações para alienar Jari e Cachoeira Caldeirão aconteceu com o fundo canadense CDPQ (Caisse de Dépôt et Placement du Québec), mas a tentativa fracassou, pois a empresa não encontrou condições que classificou como “justas” para a negociação. 


Em outubro do ano passado, Cruz confirmou que recebeu algumas propostas pelos ativos, mas que o valor oferecido não era considerado “justo” para concluir o negócio. “Se no futuro o mercado quiser precificar e se o valor estiver de acordo com o que achamos, aí sim”, disse à época. 


A empresa não descartava que o processo de alienação pudesse ser retomado no futuro, caso tivesse ofertas mais interessantes. Além disso,a companhia tem uma política de rotação de ativos e buscava balancear o portfólio de geração de energia a fim de reduzir a exposição às fontes hídricas e crescer em energia solar. 


Caso a alienação se concretize nos próximos meses, a vantagem do negócio para a EDP será diminuir a exposição a riscos associados ao clima e hidrologia em seu portfólio. A venda também pode ser um sinal de que o mercado de M&A está destravando, já que o baixo preço da energia elétrica em 2023 ano colocou em compasso espera um conjunto de operações do setor, que prometia ser o mais ativo do ano.


 No cálculo de bancos de investimento, um volume superior a R$ 10 bilhões em vendas de ativos estava na mesa no ano passado, mas agora tendem a ter o desfecho em 2024 e 2025. 


O ponto crucial para muitas operações serem adiadas foi o fraco crescimento da demanda por energia associado a um cenário de sobreoferta causada pela entrada de usinas eólicas e solares; falta de reservatórios; restrição para exportação de energia excedente a países vizinhos; crescimento da geração distribuída. 


Além disso, a empresa busca levantar recursos para investir em frente consideradas mais estratégicas, como energia solar, em que a companhia tem apostado principalmente em geração distribuída na estratégia de chegar a 530 MWp de capacidade instalada nesta modalidade até 2026. 


Em 2023, a EDP vendeu duas linhas de transmissão de energia elétrica para um fundo de infraestrutura da empresa Actis,do Reino Unido. A transação, de R$ 2,7 bilhões, envolve ativos que passam pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Maranhão. 


Já em uma estratégia distinta, em que a EDP se comprometeu a alcançar neutralidade em relação ao carvão até 2025 e firmou um acordo com um grupo de investidores brasileiros liderados pela Mercurio Asset para a alienação de 80% de sua participação na usina térmica a carvão mineral no Porto Pecém, no Ceará.


 A referida usina possui uma capacidade instalada que soma 720 MW e tem contrato de energia por disponibilidade em vigor até julho de 2027. Procurada, a EDP não quis se manifestar sobre o assunto.


Fonte: Jornal Valor Econômico

Foto: Reprodução 


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