Volume compensa queda de preço na exportação brasileira 

Em meio à queda de preços, foi o aumento da quantidade exportada que propiciou elevação da receita de exportação brasileira em 2023 e contribuiu para o superávit comercial histórico. O volume de embarques bateu recorde no ano passado, quando acelerou tendência crescente que se firmou há mais de uma década. 


A curva deve seguir em alta, mas em ritmo menor, sem a magnitude da variação do ano passado. A expectativa é que os preços, após alta em 2021 e 2022 e devolução de parte do aumento no ano passado, sofram menor variação no decorrer de 2024. 


O aumento de quantidade exportada no ano passado foi puxado pela China, com alta de 30% em relação a 2022. No ano passado destacou-se também o aumento de volume embarcado para o México, de 25,9%, o que contribuiu para o país subir da oitava para a quinta posição no ranking dos principais destinos brasileiros. 


Em variações bem menores a alta de volume aconteceu nos embarques a parceiros importantes, como Estados Unidos e Argentina, com altas respectivas de 5,8%e 7,9%. Nas vendas para a União Europeia,porém, o volume caiu 2,1%. Em termos de valor, a China foi destino de 30,7% do que o Brasil exportou em 2023. Os EUA vieram em segundo, com 10,9%, e a Argentina, com 4,9%. O México, em quinto, ficou com 2,5%. Em quarto lugar ficou a Holanda, que é ponto de entrada de produtos para a União Europeia, bloco que absorveu 13,6% dos embarques. 


Os preços médios das exportações totais brasileiras caíram 6,3% em 2023, mas a receita de exportação subiu 1,7% em relação a 2022 porque a quantidade embarcada cresceu 8,7%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic). 


Os dados mostram que em 2023 houve pico histórico do índice de quantum exportado. O recorde anterior havia sido em 2022, quando o volume exportado subiu 5,4% contra o ano anterior. Impulsionadas por soja, minério de ferro e petróleo, as vendas à China lideraram o movimento. 


O valor total de vendas brasileiras ao país asiático em 2023 ultrapassou pela primeira vez a casa da centena de bilhões, atingiu US$ 104,3 bilhões e cresceu, na comparação com 2022, em 16,6%. A taxa quase dobrou para a quantidade, que cresceu 29,5%. A magnitude do aumento de volume mais que compensou a queda de 9,7% nos preços médios das vendas aos chineses. Os dados de preço e quantum de exportação são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), levantado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) com base nos números da Secex. 


Lia Valls, economista e coordenadora do Icomex, diz que o desempenho da China se explica pela pauta de exportação brasileira ao país asiático. Os chineses compraram 73% de toda soja que o Brasil exportou em 2023, além de 64% do minério de ferro e de 47% do petróleo bruto, segundo dados da Secex.


Os três produtos representam 75% do valor da exportação brasileira total à China no ano passado. 


Fonte: Jornal Valor Econômico

Foto: Reprodução 


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