Volume de água disponível nas usinas em julho pode ser o menor da história

O Comitê de Monitoramento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está em alerta com a quantidade de “energia natural afluente” que chega aos reservatórios das usinas hidrelétricas entre fevereiro e julho. Em outras palavras: a preocupação é com o baixo índice de chuvas previsto para esse período nas principais bacias hidrográficas do País. E com o reflexo desse fenômeno no volume de água que chegará às represas para a geração de energia elétrica daqui até julho. 


As perspectivas para a “energia natural afluente” disponível no período variam entre 51% e 78% da média de longo termo. Ou seja, em ambos os cenários, a tal “ENA” projetada está abaixo da média histórica. Mesmo se confirmadas as condições mais otimistas, ou seja, se o índice de chuvas ficar em 78% da média de longo prazo, o volume ainda será o quinto menor em um ranking de 94 anos. Caso a projeção inferior do Comitê de Monitoramento da ONS se confirme e a “energia natural afluente” fique em 51% da média, este período até julho será aquele com a menor quantidade de água a chegar nas represas em toda série histórica do Sistema Interligado Nacional (SIN). 


As perspectivas para os próximos meses foram apresentadas durante reunião ordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico deste mês. Diante dos dados apresentados, O ONS destacou os desafios que esse cenário pode trazer para o fornecimento de energia elétrica, especialmente durante os meses secos no Centro- -Sul, época que compreende outono, inverno e início da primavera. Mas, O ONS não projeta riscos de desabastecimento ou cortes no fornecimento. Porém, já há uma sinalização de atenção devido à baixa afluência de chuvas nos reservatórios justamente no período mais úmido do ano. 


Diante desse cenário, o ONS recomendou ao Comitê de Monitoramento que acompanhe a taxa de deplecionamento (esgotamento) das represas, especialmente na bacia hidrográfica do Rio Paraná, que separa os estados de São Paulo e do Paraná do vizinho Mato Grosso do Sul. Traduzindo: é preciso observar o volume de água que sairá dos reservatórios das Usinas Hidrelétricas de Porto Primavera e Jupiá, no Interior Paulista. E, eventualmente, redefinir as “defluências mínimas em Porto Primavera e Jupiá a partir de março para os níveis de 3.900m³/s e 3.300m³/s, respectivamente”. 


O ajuste nas defluências (escoamento) teria a função de assegurar condições adequadas de atendimento futuro do Sistema Interligado Nacional de energia e garantir a preservação dos usos múltiplos da água. A “energia natural afluente” em janeiro registrou valores acima da média histórica apenas no subsistema da Região Sul com 138% dos volumes registrados em anos anteriores, refletindo chuvas em bons volumes ao longo do mês nas principais bacias hidrográficas dos três estados. 


Nas demais regiões, o percentual ficou abaixo da média de longo prazo. Nas regiões Sudeste/Centro-Oeste o volume de água que chegou às represas foi de 56%, no Nordeste, 48%, e no Norte, 43%. Esses indicadores estão entre os mais baixos para o mês de janeiro. E, segundo o balanço apresentado pelo Comitê de Monitoramento, as perspectivas de curto prazo, ou seja, referentes a fevereiro, são similares. 


Portanto, caso o consumo de energia suba nos próximos meses, é possível que o Operador Nacional do Sistema tenha de recorrer à energia das termelétricas, o que poderia aumentar o valor das contas de luz e ampliar as emissões de gases do efeito estufa, causadores das mudanças climáticas. Em dezembro, as perspectivas seguiam com afluxo de água aos reservatórios do Sul registrando quase o dobro da média histórica (199%). 


Na sequência, estavam o Sudeste/Centro-Oeste, com 64% da média de longo prazo; o Norte, com 40%, e o Nordeste, com apenas 17%. O Sistema Interligado Nacional é um mecanismo de coordenação e controle formado por empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte do Norte, que congrega a produção e a transmissão de energia elétrica no País. 


Ou seja, é um sistema hidrotérmico, com predominância de usinas hidrelétricas e proprietários múltiplos, tanto estatais quanto privados. 


Fonte: Diário do Litoral

Foto: Reprodução 


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